Você já ouviu falar no termo “inflação médica”? Se ainda não, pode ter certeza que isso afeta os valores que você paga em um plano de saúde, bem como o reajuste anual do seu plano de saúde.
Inclusive para quem pretende contratar um plano de saúde empresarial, é importante saber o que é inflação médica e como isso afeta os planos de saúde em geral.
Assim, vamos explicar o que é inflação médica e como isso afeta o custo dos planos de saúde para seus usuários. Confira!
O que é inflação médica?
A inflação médica também é conhecida por variação de custo médico-hospitalar. Ela representa o valor das despesas médico-hospitalares das empresas prestadoras de serviços médicos gasto com cada beneficiário do plano de saúde.
E como se chega nesse valor? Vamos ver como a inflação médica é calculada.
Como a inflação médica é calculada?
Para o estabelecimento da inflação, é necessário o cálculo da seguinte forma.
Período de apuração
Geralmente, considera-se o período de um ano (12 meses) como período de apuração para a variação de custo médico-hospitalar. Geralmente, esse período é do ano anterior.
Despesas do plano de saúde
Nesse período de um ano, devem ser somados todos os gastos dos planos de saúde com seus beneficiários.
Ou seja, somam-se todos os custos de consultas, exames, terapias, internações e outros serviços realizados pelos planos de saúde a seus beneficiários.
Com esse levantamento desses custos, fica mais fácil saber quais foram os procedimentos mais acessados e quais os maiores custos do plano de saúde.
Número de beneficiários
Por último, para o cálculo da inflação médica, é necessário saber o número de beneficiários. Para isso, como há diferentes planos de saúde, estabelecem-se 10% de beneficiários em cada região do Brasil.
Ainda, também é feita uma ponderação, visto que cada plano de saúde possui modelos diferentes, tais como básico, premium, executivo, dentre outros.
Assim, com esses dados, é possível o cálculo da variação do custo médico-hospitalar, em um período de um ano, somando-se tudo o que foi gasto pelo plano de saúde no atendimento a seus beneficiários e divide-se pelo número total de beneficiários, fazendo a ponderação.
Assim, se chega no valor da variação de custo médico-hospitalar, ou inflação médica.
Fatores que influenciam na inflação médica
O valor do custo médico-hospitalar sofreu um forte aumento nos últimos anos. Para se ter uma ideia desse valor, segundo o levantamento feito pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, em 2021, o valor da inflação médica em 2021 foi de 25%.
Porém, se avaliarmos que em 2021, a inflação anual oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 10,06%, é possível perceber como o aumento do custo médico-hospitalar ficou bem acima da inflação oficial.
Dentre os fatores que influenciam na inflação médica, podemos citar os seguintes.
Envelhecimento da população
A população no Brasil está envelhecendo. Isso é possível perceber quando se analisa que a expectativa de vida no país ao longo dos anos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que de 1940 até 2019, a expectativa de vida do brasileiro aumento 31,1 anos. Portanto, se em 1940, a expectativa de vida de um brasileiro era de 45 anos, em 2019 a expectativa de vida está em 76,6.
Portanto, à medida que a população envelhece, essa população necessitará de mais atendimento médico. E as doenças mais comuns que surgem com o envelhecimento, tais como, pressão alta, diabetes, bem como algumas doenças neurológicas, acabam se tornando mais frequentes.
Dados da ANS
Outro dado importante vem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde no Brasil. Um indivíduo jovem custa, ao plano de saúde, anualmente, em média R$ 1.500,00.
Já os gastos com um indivíduo idoso, acima de 80 anos, podem ultrapassar R$ 19 mil por ano.
A ANS atesta que o custo assistencial médio por beneficiário com 58 anos é de aquase R$ 4.000. Mas, quando esse beneficiário tem mais de 59 anos, o valor desse custo assistencial ultrapassa R$ 8.000, ou seja, mais que o dobro.
Segundo a própria ANS, o custo assistencial de um idoso custa 7,5 vezes mais do que o de um jovem, quando se pensa em exames complementares e 6,9 vezes mais, quando se considera o que se gasta com internações hospitalares.
Por isso, a ANS estima que com o envelhecimento da população, os gastos com despesas assistenciais pelos planos de saúde deverá crescer 157% até 2030 ultrapassando os R$ 380 bilhões.
Aumento no preço de medicamentos
A inflação não atinge somente os alimentos, mas também afeta o preço de medicamentos.
Em 2022, o governo federal permitiu o aumento de preço de medicamentos em 10,89%, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
Dessa forma, esse aumento também impacta o quanto os planos de saúde gastam com o atendimento de seus beneficiários, por exemplo, em clínicas e hospitais.
Investimento em tecnologia
A tecnologia não para de evoluir em tratamentos de saúde. Se antigamente, o beneficiário só tinha à disposição um raio-X, atualmente, exames de imagem conseguem auxiliar no diagnóstico de lesões de câncer minúsculas.
Mas, toda essa tecnologia tem um custo: aparelhos são caros e necessitam de frequente manutenção, que também não é barata, para estarem sempre disponíveis aos usuários do plano de saúde. Além disso, é necessário treinamento para a equipe lidar com a nova tecnologia.
Cada vez mais, clínicas e hospitais conveniados precisam fazer investimentos em novos equipamentos e tecnologias mais avançadas.
Por outro lado, o investimento em tecnologia pode parecer pesado em relação ao custo médico-hospitalar, porém, a longo prazo, significa melhor atendimento aos beneficiários e também redução nos custos no futuro.
Um bom exemplo disso é a telemedicina, aprovada durante a pandemia, que permite, atualmente, que um paciente possa se consultar com um médico de sua preferência, online, sem que esse paciente tenha que se deslocar fisicamente até o consultório.
Crescimento de hábitos não-saudáveis
Existem várias doenças relacionadas a hábitos não-saudáveis, que apresentam um grande crescimento no Brasil. Dentre essas doenças, destaca-se a obesidade.
O índice de sobrepeso e obesidade no Brasil considera o Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 25 como sobrepeso e acima de 30 como obesidade. Esse índice está em 22,35% em 2021 no Brasil, comparado a 20,27% do levantamento de 2019.
Indivíduos obesos são mais propensos a terem outras doenças relacionadas, como hipertensão e diabetes, por exemplo, e representam um gasto maior para os planos de saúde.
Em relação à obesidade, houve um aumento de mais de 67% no índice de obesidade entre 2006 e 2018. É um valor bastante alto, o que indica que muitos brasileiros atualmente sofrem com obesidade. E assim, necessitam de mais assistência dos planos de saúde.
Como a inflação médica afeta os planos de saúde?
No momento de calcular o reajuste anual, as operadoras de plano de saúde consideram vários fatores, dentre eles, a variação do custo médico-hospitalar.
Embora a inflação médica não seja o único fator que as operadoras de planos de saúde consideram para determinar o índice de reajuste anual, esse é um fator que certamente pesa na conta.
Além da inflação médica, as operadoras de plano de saúde também consideram fatores como índice de sinistralidade (o quanto cada serviço do plano foi acessado pelos beneficiários e quantas vezes), número de beneficiários ativos no plano, dentre outros fatores.
Por isso, algo importante é sempre estimular o uso consciente dos planos de saúde pelos beneficiários, pois, isso pode afetar na redução do índice de reajuste anual pelas operadoras.